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O Cristianismo segundo Jesus

Quando comparamos o que tem sido pregado como mensagem cristã, em nosso contexto brasileiro contemporâneo, com o discurso de Jesus registrado em Mateus 10, podemos facilmente perceber uma enorme distância. Aos pregadores que prometem milagres de cura e expulsão de demônios, podemos perguntar: e quando veremos mortos ressuscitando (Mateus 10.8)? Porém, muito antes disso, podemos perceber e reconhecer que essa ordem e essa autoridade foram dadas por Jesus especificamente aos doze apóstolos (10.1, 10.5, 11.1), para que eles pudessem demonstrar, através de tais obras, que o reino dos céus estava próximo. Os discípulos fariam “como o Mestre” (10.25) que, nos capítulos anteriores do Evangelho de Mateus, foi apresentado realizando, exatamente, esses tipos de sinais milagrosos, enquanto anunciava a chegada do reino de Deus. Não se trata, portanto, de um padrão que deva caracterizar a experiência cristã em todas as épocas.

Uma segunda pergunta importante pode ser feita: como classificar como cristãs as promessas que tanto ouvimos de prosperidade e riqueza, quando a ordem do Rei era para que seus enviados não levassem consigo ouro ou outras provisões, mas dependessem do sustento divino à medida em que desempenhassem sua missão? Como confundir aprovação secular, popularidade ou visibilidade midiática com bênção, se o próprio Rei avisou que seus enviados seriam odiados e perseguidos (10.22 – 23)?

O Cristianismo segundo Jesus é um chamado à lealdade, à perseverança, à confiança no cuidado do Pai enquanto enfrentamos os custos de seguir ao Rei. É uma convocação à renúncia mais ampla que se possa imaginar (10.37), um chamado urgente a um amor mais poderoso que o amor aos familiares. É uma ordem para abraçar a cruz, um símbolo de morte, significando que morreremos para nossos planos e desejos, e tudo ofereceremos alegremente ao Rei Jesus.

Sim, haverá recompensas. O galardão está assegurado (10.39, 42), mas não foi prometido para agora. É hora de lembrar dessa verdade. É hora de abandonar expectativas irreais baseadas em coisas que Jesus não prometeu. É hora de tomar a cruz e seguir ao Rei!

Rev. Marcio Alonso