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Jesus e a hipocrisia

O capítulo 21 do Evangelho de Mateus marca o ápice da oposição dos sacerdotes e anciãos israelitas a Jesus. Mesmo depois de Jesus haver demonstrado sua autoridade no ensino (7.28 – 29), sua autoridade sobre as doenças (8.1), sobre a natureza (8.23), sobre os demônios (8.28), e até mesmo sobre a morte (9.23), as autoridades religiosas do povo escolhido de Deus continuavam a rejeitar o Salvador. Tal oposição já era esperada (16.21, 17.22, 20.18). Afinal, os valores do Reino de Deus são opostos aos valores humanos. Os enviados pelo Rei Jesus não seriam recebidos com honra, mas perseguidos (10.18). O reino de Deus não se mostraria imediatamente com esplendor humano, mas permaneceria oculto aos olhos naturais (13.33, 44), até ao tempo em que finalmente se faria manifesto em glória (13.32). Os valores desse Reino eram completamente diferentes dos valores humanos, tanto no que se refere à expectativa sobre a vida (16.24), quanto em questões mais cotidianas tais como os relacionamentos (18. 1 – 35) ou a relação com o dinheiro (19.23). A oposição dos líderes de Israel a Jesus, no fim das contas, apenas demonstrava que eles não pertenciam, de fato, ao reino de Deus.

Agora, quando chega a Jerusalém na semana em que morreria na cruz, nosso Senhor deixa as advertências privadas, dirigidas aos seus discípulos e avisando sobre a hipocrisia de seus opositores (16. 6 – 11), e passa a expor tudo publicamente. Eles transformaram o Templo num comércio (21.13). Eles se indignaram com o louvor da multidão a Jesus (21.15). Eles questionaram a autoridade de Jesus (21.23) e, em contrapartida, revelaram que temiam mais ao povo e à perda de seus postos do que ao próprio Deus (21. 25 – 26). Ao final das contas, eles eram uma figueira com as folhas da aparência mas sem os frutos da justiça (21.18), eram os filhos que prometeram obediência ao pai mas que o desobedeceram pelas costas (21.29). Tal sequência narrativa de Mateus deve nos fazer pensar cuidadosamente a respeito de nossas motivações no trato com as coisas de Deus. Nossa vida religiosa pode ser tão hipócrita quanto a deles se nosso maior interesse for o dinheiro, o poder, o prestígio ou qualquer outro bem, que não o Senhor Jesus e Seu Reino. Nada disso permaneceu encoberto nos dias de Jesus, nem permanecerá oculto no último dia. Que Deus nos dê um coração sincero no seu serviço!

Rev. Márcio Alonso