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Cuidado, contém spoiler

“Ufaá!”, com certeza, você conhece essa interjeição. Ela manifesta alívio e parece que quanto mais longa, melhor. Uma cirurgia bem sucedida; a recuperação de um ente querido; o término de um longo período de tristeza. Para nossa decepção, no entanto, situações angustiantes são recorrentes e parecem não ter fim. Dor, alívio e mais dor… Seria, portanto, esta a sina de toda humanidade? Se você não se importar com “spoiler” (revelação de uma informação inédita de uma obra cinematográfica), vejamos o que a história da nossa redenção diz sobre isso.

Depois de meses a fio “ilhados”, Noé e sua família saem da arca. Terra seca, vida, mundo renovado. Que conforto! Eles suspiram. Curiosamente, “respirar de alívio” ou “descanso” são alternativas mais próximas para a tradução do nome “Noé”. O estado de calmaria, no entanto, não é obra de Noé e de sua família. O descanso vem da recusa do Criador em permitir que o pecado destrua o seu propósito de criar para si um povo que tenha com ele um relacionamento perfeito. Noé, no entanto, mal havia se estabelecido na terra após o dilúvio e o Deus que sonda corações declara: “é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade” (Gn 8.21). Eis o prenúncio de que esse estado de calmaria não duraria muito.

Contudo, como bem observou o teólogo Graeme Goldsworhty: “a graça de Deus é o seu compromisso amoroso incessante com uma raça que agiu de um modo que não só não merece esse amor, mas, na realidade, merece exatamente o oposto”. Logo, mesmo em face à maldade humana e ao merecido juízo divino; por causa da incansável graça sempre haverá um povo escolhido e um alívio na terra! Assim, não Caim, mas Abel encontra o favor de Deus. Enquanto os ímpios perecem, Noé e sua família são salvos. Canaã é amaldiçoado, mas Jafé compartilha das bênçãos de Sem. Por fim, entre a multidão da humanidade sob juízo, um só homem é escolhido, Abraão, em quem o plano redentor de Deus alcançará muitos de todos os povos da terra.

Milênios se passaram desde então, e, aqui estamos. O plano de Deus, em ter um povo exclusivamente seu, permanece. A bênção prometida a Abraão, mediante Cristo Jesus, nos alcançou (Gálatas 3.14). E enquanto estivermos neste mundo mal, a graça nos sustentará e nos dará descanso. Todavia, aguardamos o dia em que nosso suspiro de alívio ressoará por toda eternidade. Afinal, Ele nos consolará! “Vi novo céu e nova terra […] Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor…” (Apocalipse 21. 1, 3-4). Creia! Aquele que começou a boa obra há de completá-la. O último capítulo dessa história já foi escrito; no final, a graça vence!

Rev. Marcos Cleber Siqueira